Quem me dera ter um nome índio
E outro africano
E outro judeu
Quem me dera ter todas as terras
como uma só terra
Como um berço meu
Eu quero muito não ser o estrangeiro
nem ver estrangeiros
em qualquer semblante
Eu quero muito ser do mundo inteiro
E amar por inteiro
cada mero instante
Ai quem me dera soldar as fronteiras
Quebrar as barreiras
que separam os seres
Jogar meu beijo sobre a cordilheira
deixa-lo voar
e descobrir prazeres
Quero mesclar os amores da terra
unificar as línguas
espalhar canções
que possam ser sentidas, percebidas
e reproduzidas
à plenos pulmões
Quero ofertar ao mundo um canto livre
ombreando as vozes
em favor da vida
Cheirar a flor que brota escondida,
em plagas distantes,
mas que ainda vive.
Vicente Portella